Os schwannomas, também conhecidos como Neuroma, Neurolemoma ou Neurilemoma, são tumores benignos que se originam das células de Schwann, responsáveis por revestir e proteger os nervos periféricos. Embora sejam tipicamente não cancerosos, esses tumores podem causar uma variedade de sintomas dependendo de sua localização e tamanho, afetando a qualidade de vida do paciente.

Neste artigo, discutiremos detalhadamente os sintomas, métodos de diagnóstico e opções de tratamento disponíveis para schwannomas, proporcionando uma visão abrangente e acessível para pacientes e familiares que buscam entender melhor essa condição.

O que é um Schwannoma?

O schwannoma é um tipo de tumor que se desenvolve nas células de Schwann, que são responsáveis por produzir a bainha de mielina, uma camada protetora ao redor dos nervos.

Esses tumores são geralmente benignos e de crescimento lento, podendo ocorrer em qualquer nervo periférico do corpo. No entanto, eles são mais comumente encontrados nos nervos cranianos, particularmente no nervo vestibular, onde são conhecidos como schwannomas vestibulares ou neuromas acústicos.

Schwannoma em ressonância

Locais onde o Schwannoma pode aparecer

  1. Nervo Vestibulococlear (VIII Nervo Craniano)
  2. Nervo Trigêmeo (V Nervo Craniano)
  3. Nervos Espinais
  4. Nervo Ciático
  5. Plexo Braquial
  6. Nervos Periféricos Menores

Sintomas Comuns do Schwannoma

Os sintomas de um schwannoma variam amplamente dependendo da localização do tumor. Quando os schwannomas afetam os nervos cranianos, os sintomas podem incluir perda de audição, zumbido (tinnitus), desequilíbrio e, em casos raros, fraqueza facial.

Schwannomas localizados em outras partes do corpo podem causar dor, formigamento, fraqueza muscular ou outros sintomas neurológicos devido à compressão dos nervos adjacentes.

Quando ocorrem no nervo vestibulococlear (VIII nervo craniano), os principais sintomas incluem perda auditiva progressiva, zumbido, desequilíbrio e vertigem. No caso do nervo trigêmeo (V nervo craniano), as alterações na sensibilidade facial, como dormência e formigamento, são comuns, além de fraqueza muscular facial e, raramente, dor intensa.

Quando os schwannomas afetam os nervos espinais, os sintomas típicos são dor localizada na coluna vertebral, fraqueza muscular e alterações sensoriais, como dormência e formigamento, na área inervada pelo nervo afetado. A compressão medular ou radiculopatia pode ocorrer dependendo da localização e do tamanho do tumor. No nervo ciático, os sintomas incluem dor irradiada ao longo da perna, fraqueza muscular na perna e dormência ou formigamento.

Se o schwannoma estiver no plexo braquial, os sintomas podem incluir dor no ombro e braço, fraqueza muscular no braço e perda de função motora ou sensorial no braço e mão.

Finalmente, quando afetam nervos periféricos menores, os schwannomas podem causar dor localizada, alterações sensoriais como dormência e formigamento, e déficits motores na área inervada pelo nervo afetado.

Diagnóstico do Schwannoma

O diagnóstico é iniciado através do exame clínico, o qual pode se estender para solicitações de exames de imagem assim como biópsia.

Exame Clínico

O diagnóstico inicial geralmente começa com um exame clínico detalhado. O médico realizará uma avaliação completa dos sintomas do paciente e examinará áreas específicas para detectar quaisquer anormalidades.

O histórico do paciente e a descrição dos sintomas são cruciais para direcionar os próximos passos do diagnóstico.

Exames de Imagem

Os exames de imagem são fundamentais para a confirmação do diagnóstico de schwannoma. A ressonância magnética (RM) é a ferramenta mais utilizada, pois proporciona imagens detalhadas dos nervos e tecidos moles, permitindo a visualização clara do tumor.

Em alguns casos, a tomografia computadorizada (TC) pode ser utilizada para complementar a RM e fornecer informações adicionais sobre a localização e o tamanho do schwannoma.

Opções de Tratamento para Schwannoma

Existem diversas opções de tratamento que vão desde a simples observação com monitoramento até o procedimento cirurgico.

Observação e Monitoramento

Para schwannomas pequenos e assintomáticos, a observação e o monitoramento podem ser a abordagem inicial. O paciente é acompanhado regularmente com exames de imagem para observar qualquer mudança no tamanho ou comportamento do tumor.

Cirurgia

A cirurgia é frequentemente a opção preferida para schwannomas sintomáticos ou de crescimento rápido. O objetivo é remover o tumor sem causar danos aos nervos adjacentes. A técnica cirúrgica escolhida depende da localização e do tamanho do schwannoma.

Utilizamos várias ferramentas tecnológicas, como softwares de planejamento cirúrgico, realidade virtual e impressoras 3D, que ajudam a simular a doença do paciente e planejar a cirurgia com precisão.

Por exemplo, podemos imprimir um aneurisma ou um tumor para entender melhor sua relação com as estruturas adjacentes. Além disso, o neuronavegador, um “GPS do cérebro”, usa imagens de ressonância magnética para guiar a cirurgia, mostrando a localização exata dentro do cérebro e ajudando a evitar danos a áreas críticas.

Radioterapia

Para schwannomas que não podem ser completamente removidos por cirurgia, ou para pacientes que não são candidatos à cirurgia, a radioterapia pode ser uma opção eficaz.

A radiocirurgia estereotáxica, uma forma de radioterapia precisa e focada, pode ser usada para reduzir ou controlar o crescimento do tumor.

Recuperação e Prognóstico

A recuperação após o tratamento de um schwannoma varia de acordo com o tipo de tratamento realizado e a localização do tumor.

Em geral, os schwannomas têm um bom prognóstico, especialmente quando diagnosticados e tratados precocemente. A reabilitação pode incluir fisioterapia e terapia ocupacional para ajudar na recuperação funcional.

O pós-operatório da cirurgia de schwannoma pode ser variada de acordo com o local do tumor, mas vamos dar um exemplo do schwannoma vestibular.

O pós pode variar conforme o tamanho do tumor e a individualidade de cada paciente. Em média, a cirurgia dura cerca de quatro horas. Após a operação, o paciente é levado para a UTI, onde permanece por um dia para monitoramento intensivo. Em seguida, ele é transferido para uma unidade de internação, onde fica em observação por mais dois a três dias. A duração total da hospitalização pode variar, pois cada caso é único e depende da complexidade do tumor e da resposta do paciente à cirurgia.

Cada paciente tem uma experiência diferente, influenciada por fatores como o momento do diagnóstico. Alguns tumores são descobertos precocemente por acaso, durante exames realizados por outras razões, como uma pancada na cabeça ou uma sinusite, enquanto outros são diagnosticados em estágios mais avançados, apresentando maiores desafios.

Portanto, o pós-operatório é adaptado às necessidades individuais, garantindo a melhor recuperação possível para cada paciente.

Ainda no exemplo de schwannoma do nervo vestibular, enfrentamos o desafio de operar próximo ao nervo facial, que controla os movimentos do rosto. Um dos riscos desta cirurgia é a lesão do nervo facial. Com a introdução de técnicas de monitorização intraoperatória, esse risco foi significativamente reduzido. Durante a operação, o monitoramento permite detectar qualquer manipulação próxima ao nervo facial, avisando o cirurgião para ajustar a abordagem e evitar danos ao nervo.

Esta tecnologia diminuiu muito a incidência de paralisia facial pós-operatória, que era comum há 30 anos.

Mesmo com esses avanços, é possível que o paciente acorde da cirurgia com uma leve paralisia facial temporária, que normalmente se resolve em algumas semanas. Este é um déficit transitório causado pela sensibilidade extrema do nervo.

Outro risco da cirurgia é a perda da audição, dado que o tumor se origina no nervo vestibular. A chance de preservação da audição é maior em pacientes com tumores menores e que possuem uma boa audição antes da cirurgia. Por isso, quando o objetivo é preservar a audição, é ideal operar o tumor o quanto antes, especialmente se ele ainda for pequeno, pois quanto maior o tumor, mais difícil é preservar a audição durante a remoção cirúrgica.

Conclusão

Os schwannomas, embora benignos, podem ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes devido aos sintomas que causam. Diagnóstico precoce e tratamento adequado são essenciais para gerir esta condição de forma eficaz. Com avanços contínuos nas técnicas de imagem e tratamentos, as perspectivas para pacientes com schwannomas continuam a melhorar, proporcionando esperança e melhores resultados.

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Dr. Marcio Rassi é Neurocirurgião e Professor de Neurocirurgia, especialista no tratamento de tumores cerebrais e da base do crânio. Nosso consultório está localizado na Av. Brig. Faria Lima, 2413; São Paulo.

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